terça-feira, 15 de setembro de 2009

A Internet e a Democracia

Está em evidência na mídia a questão da limitação à internet a que os senadores Eduardo Azeredo (PSDB – MG) e Marco Maciel (DEM – PE) pretendem aprovar - através de emenda à Reforma Eleitoral - no Senado, nessa terça-feira, 15 de setembro.

Os pontos que mais trouxeram discussões são justamente aqueles que remetem às limitações a que estariam impostos veículos de internet, a que os mais “eufemistas” chamam de normatização da rede. Sites e portais de jornalismo estariam proibidos de "fazer propaganda eleitoral de candidato, partido político ou coligação" e de "darem tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação, sem motivo jornalístico que justifique".

Porém, o texto não deixa claro o que configura propaganda eleitoral, tratamento privilegiado nem motivo jornalístico. O que oferece margem à subjetividade.

Ainda sobre limitações, as emendas prevêem direito de resposta inclusive em ferramentas sociais – aquelas chamadas de “2.0” – como Orkut, Facebook, Blogs e Twitter.

Se a preocupação dos políticos é com a imparcialidade, legitimidade da informação, deveríamos começar de outro ponto, a relação entre políticos e empresas de comunicação. A Constituição Federal proíbe que políticos em exercício sejam sócios ou diretores de empresas de mídia. E é sabida, pública a relação dessas pessoas com veículos de comunicação por todo o país.


Os autores mostram não ter ciência das propriedades da web 2.0 e seu teor colaborativo. A rede é feita por pessoas. Isso sem falar em números. Metade dos 65 milhões de internautas do país lê ou mantém blogs. Mais de 30 milhões de pessoas usa Orkut e quase 10 milhões está no Twitter.

O texto base da Reforma Eleitoral, aprovado na última quarta-feira, 09/09, prevê, entre outros pontos, publicidade em blogs e doação de verba para campanhas políticas através da web. Agora, está em decisão os pontos apontados acima.

Devemos lembrar que a democracia não é um regime a ser identificado apenas no sistema de votação de uma nação, mas sim um exercício que deve ser realizado a todo instante. E é possível identificar totalitarismos em ações como limitar difusão de opiniões de veículos (legítimos) de massa na web ou prever direito de resposta a candidatos – ou a outras partes envolvidas, como partidos políticos – em redes sociais como maneira de coação. Vale lembrar que essas redes são mantidas por pessoas comuns, eleitores, cidadãos.

O Blog do Planalto é outra manifestação que não tem a mínima pretensão de ouvir a nação, uma vez que não permite comentários, o que deveria ser seu propósito inicial, a aproximação entre governantes e governados. Daí, o "espelho" fiel ao Blog do Planalto, porém um blog de verdade, democrático e aberto, como deve ser.

Essa maior atenção à rede teve início após o sucesso da campanha de Barack Obama nos Estados Unidos. Campanha que obteve grande parte de suas doações advindas da web, território em que Obama conquistou milhões de militantes. Ao contrário, aqui, alguns políticos estão dispostos a limitar a difusão de idéias desses possíveis (e por que não "potenciais") militantes.

Há uma imensidão de possibilidades a ser explorada pelos políticos brasileiros na internet. O Brasil é uma das 10 maiores comunidades de internautas do mundo e também uma das mais abertas e naturalizadas com as ferramentas participativas. Faça-se uma estratégia de divulgação de seus ideais e projetos de campanha. Divulguem em Blogs. Aproximem-se de seus eleitores através do Twitter (ele é uma das ferramentas de maior eficácia nesse sentido e permite feedback imediato) Utilize as ferramentas participativas de modo aberto, divulgando projetos passados, qualificações, formações.Mas cuidado: o internauta é criterioso e não permite superficialidades.

Projetos como Transparência Brasil precisam ganhar notoriedade na rede como ferramentas provedoras de informação aos eleitores, assim como os sites da Câmara e do Senado. Qualquer tentativa de aproximação entre candidatos e eleitores, cidadãos e seus representantes, será positiva e só melhorará a qualidade de nossos representantes.

Em tempo, nosso presidente, hoje, em declaração: " a internet é uma coisa que fugiu ao poder do seu criador. É impossível controlá-la, mas é preciso normatizá-la". É a velha mania do cabresto, de controle da opinião, do medo e do despreparo ao debate aberto. Mas a internet foi concebida para ser controlada por pessoas, um ambiente neutro. Daí a dificuldade.

Referências:

UOL Notícias

Folha Online

Andrea Matarazzo, um exemplo a ser seguido. Abre diálogo prazeroso com a população através do Twitter, onde tem mais de 7 mil seguidores. Além da conversa aberta, divulga fotos de seus passeios pela cidade de São Paulo.

domingo, 6 de setembro de 2009

Disney-Marvel Mashups

Esse é o jeito da internet se manifestar.
Criando arte, fazendo misturas. Uma rede feita por pessoas.
Mais sobre esse mashup maravilhoso aqui.

E, se mashup pode ser traduzido como uma mutação, o tema foi bem apropriado.