Dando seqüência às entrevistas que venho realizando e publicando neste blog, conversei com Marcos Leite, que trabalha como gerente global de vendas da Spil Games, empresa de desenvolvimento de games online e que que possui sites de games em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Aqui, os sites* da Spil Games estão entre os mais acessados no segmento. Globalmente, são mais de 50 sites, que têm um alcance de mais de 100 milhões de pessoas.
Há 6 anos morando na Holanda, Marcos falará um pouco sobre como é trabalhar com mídias interativas na Europa, suas semelhanças e diferenças com o Brasil, além do seu mercado, o de games online.
Rodrigo Almeida: Os games permitem uma interação diferente, mais natural, contextual, entre consumidores e marcas quando comparados à propaganda tradicional, mesmo à on-line. Como os mercados Europeu e Brasileiro enxergam isso?
Marcos Leite: Agora é o momento em que estamos vendo um grande crescimento no investimento em games. Várias pesquisas mostram que publicidade em games, ou advergames, mostram um nível de brand awareness e recall mais alto que a propaganda online mais tradicional. Estudos também mostram que os gamers são mais receptivos à publicidade e têm mais tendência a recomendar marcas que viram dentro de jogos. Em geral, games também são mais confiados por anunciantes que redes sociais ou user-generated-content.
Este cenárioestá acontecendo nos EUA e em grande parte dos países europeus. A Spil Games faz parte do Game Taskforce da IAB Holanda e estamos investindo em estudos no segmento junto com TNS Nipo e Newzoo, duas empresas de pesquisas de mídia Européias.
No Brasil, ainda vemos um certo interesse em publicidade em games, porém pouco investimento. Penso que isso é devido à falta de empresas locais com o foco correto no segmento para influenciar o mercado. Esperamos que o Spil Games tenha um certo nível de influência neste segmento futuramente no Brasil, como temos hoje na Europa. Estamos trabalhando para que isso aconteça.
Rodrigo Almeida: Os jogos são chamados de “casuais” por sua simplicidade. Em que momento do dia as pessoas param para jogar esses jogos e qual o perfil médio desse usuário?
Marcos Leite: No momento existem mais de 600 milhões de casual gamers pelo mundo. Se considerarmos a população online mundial de 1.6bi, mostramos que o mercado de games é um mercado gigante e de interessante para todas idades e gêneros. Tendo dito isto, vemos que a maioria dos usuários são mulheres de 18-35 anos. Na maioria são donas de casa que tiram uma ou duas horas do dia para si, entram na internet e visitam sites de games. Também há o perfil de pessoas que entram do trabalho ou escola. Temos muito acesso em horário de almoço e no final do dia de trabalho.
Rodrigo Almeida: Qual o tamanho do mercado de “advergame” no mundo? Como ele vem se desenvolvendo e quais os principais mercados?
Marcos Leite: O mercado de publicidade em jogos online é de $ 10bi e este ano é projetado um crescimento acima de 30%.
Globalmente, os principais mercados são EUA, Reino Unido, Alemanha, Holanda, França e Espanha.
Rodrigo Almeida: Falando do mercado digital, interativo – não especificamente do mercado de games – quais as semelhanças e diferenças entre os principais mercados europeus e os latinos?
Marcos Leite: Primeiramente, o grande diferencial é a porcentagem do bolo publicitário investido em mídia digital. Os grandes países europeus estão investindo mais de 15% do bolo total na internet e esta porcentagem continua crescendo, mesmo com o cenário econômico atual. Isto mostra a diferença no conhecimento do impacto de mídias interativas entre anunciantes e agências europeus e brasileiros. Essa distância fica ainda maior quando comparamos o mercado europeu ao mercado latino em geral.
Outro diferencial são as métricas utilizadas para medir o sucesso de campanhas. Vejo que no Brasil o CTR (click-through rate ou taxa de clique) é ainda muito utilizado como métrica principal. Depois vêm os KPIs utilizados pelo anunciante (visita ao site, vendas, etc). Este modelo é, atualmente, pouco utilizado nos maiores países europeus. Para a Europa, CTR é apenas uma métrica inicial. Tempo de interação e nível de impacto estão sendo mais utilizados. Empresas como BrightRoll e Eyeblaster estão liderando o desenvolvimento de métricas mais robustas.
Outra diferença entre europeus e latinos é a forma como é comprada a mídia. O modelo na Europa esta mudando de "Custo Por Impressão" para "Custo Por Impacto". Os profissionais de mídia não estão mais pedindo volume de impressões servidas, mas sim número de unique visitors atingidos. Esse modelo é melhor para os anunciantes, mas pode limitar os níveis de receita dos veículos, o que pode impactar em mudança do modelo de negócio dos mesmos, os quais poderão até buscar alternativas além da publicidade.
Agradeço ao Marcos Leite pela entrevista.
Contatos: www.spilgames.com e marcos@spilgames.com
Twitter: @marcosleite
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